quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Eu quero uma mochila de carrinho :o
A triste realidade de crescer e
virar um adulto. Ou ao menos deixar de ser criança. Uma carta para a vida, essa
ingrata que roubou minhas fantasias, meu sonho de viver a vida e o ar.
(Começo dizendo sobre a bosta que
é essa música! “vida devolva meu sonho de viver a vida”. Coerência, cadê? Ah é!
To falando com a vida, né? Nada de coerência...)
Bom, tá certo que eu não
necessariamente cresci. Fui votar e acharam que minha prima de 11 anos era mais
velha que eu. Acho que minha mãe não pôs fermento o suficiente na mamadeira.
Chatiada. Mas enfim, me disseram que agora (na verdade tem uns anos já) eu sou ~maior
de idade~~~~~ e responsável por todos os meus atos. Vamos frisar: TOOOOOODOS os
meus atos. Eventualmente pelos seus, os da minha mãe e os dos vizinhos. E
obviamente que pelos do meu cachorro também. E eu nem tenho cachorro, hein!
Haja costas para carregar isso tudo.
Bom, eu tenho escoliose and
lordose. Porque quando a vida resolve que vai cagar para você (ou em você,
nesse caso, a gramática abre exceções), ela caga mesmo! PAUSA: na altura do
campeonato, o word vem me sugerir que eu troque “cagar” por “defecar”. Faz
coraçãozinho com a mão. DESPAUSA. Não dá para carregar isso tudo assim, apoiado
numa coluna capenga, né? Nem adianta dar a idéia de carregar na cabeça, que nem
lavadeira com as trouxas de roupa, não tenho equilíbrio para isso, meus amores.
Será que rola de colocar todas as responsabilidades em uma mochila com
carrinho?
A pior parte é pensar que se todo
poder tem por trás grandes responsabilidades, a recíproca não é verdadeira. O
único poder que eu tenho é o de escolher meus sapatos antes de sair de casa. E
um batom, horroroso por sinal. Acho que eu seria uma pessoa muito mais feliz e
realizada se eu tivesse o poder, ainda que uma vez por ano só, de sumir do
mapa. Ou fazer sumir do mapa as pessoas ignorantes, chatas e burras, que aí
seriam 2/3 do mundo. Mas me disseram que o motivo pelo qual eu quero isso é a
minha intolerância. (E eu vos digo que o único motivo pelo qual vocês que me
chamam de intolerante não somem do mapa é que eu não posso...)
Quando eu era menor, e sim, isso
é possível, eu achava que com 18 anos eu já seria uma adulta. E que como adulta
eu teria mais poderes que deveres, mais direitos que responsabilidades. Óbvio
que eu queria ser uma adulta como a minha mãe. É óbvio também que não demorou
muito para descobrir que eu deveria ter ido com Peter Pan ser feliz na Terra do
Nunca. Essa coisa de crescer e só ganhar responsabilidades (sem poderes, nem
docinho) não combina com o grande ideal que me contaram que a vida tem: não dá
para ser feliz assim.
Aí vida, eu sei que você é uma
tremenda de uma filha da mãe sem calças, e que não vai me devolver minhas
fantasias, nem meu sonho de viver a vida. Eventualmente você me devolverá meu
ar. Até porque, para continuar nessa relação sadômazô, eu preciso respirar um
pouquinho. Mas bem que podia ser mais descolada, né? Podia pelo menos aliviar a
tensão aqui da ‘cacunda’, tá complicado carregar isso tudo. Ou então montar um
esquema de recompensas no qual, para cada quilo de responsabilidade, eu ganho
um quilo de guloseimas... Só sei que desse jeito ta ficando complicado agüentar
com um sorriso na cara. Que acordar pela manhã e viver nesse mundo-cão (coitado
do cão que não tem nada a ver com essa história) não combina com ~~aproveitar a
vida.
O fato é, sra. Vida. Não sobrou
mais ninguém pra reclamar uma mãozinha. Eu queria poder voltar no tempo para
aproveitar e ser ainda mais criança do que eu fui. Já que essa coisa de poder
não vai funcionar, só queria solicitar a tal mochila de carrinho para ajudar a
carregar o peso das responsabilidades. Quem sabe eu não a uso para despachar
tudo pra bem longe daqui...
Desde já grata,
Uma moça.
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