quarta-feira, 25 de julho de 2012

O que foi mesmo o que ela disse?

 Deu no Carta Capital: "Mon Dieu, ministra francesa usa vestido no Parlamento". E segue o título: "Cécile Duflot, a ministra da Habitação da França, causou comoção ao usar um vestido para falar na Assembleia Nacional (Parlamento). Espere, uma correção. Não foi Duflot que causou comoção, mas sim os ministros homens que assobiaram e rugiram: "Uau!" De sua parte, Duflot reagiu calmamente, com uma piada seca - "Senhoras e senhores, obviamente mais senhores que senhoras" - antes de continuar seu discurso." Quem quiser ler mais sobre a matéria assinada por Barbara Ellen clique neste link, por favor.
La robe de Cécile Duflot provoque des réactions machistes
 O vestido em questão eu desconheço. Não sei se é esse da foto encontrada no Google. Mas garanto que não é um tubinho cor de rosa a la Geise Arruda. Garanto. De vestido ou calça jeans, Duflot infelizmente causa mais polêmica pelas suas roupas que pelos seus discursos. E infelizmente se dá pelo único e exclusivo motivo de que eu nunca vi jornais fazendo matérias internacionais porque a ministra causou frenesi com meia duzia de palavras.
 Todo ano, quando a Marcha das Vadias acontece em várias cidades espalhadas pelo mundo, as pessoas se preocupam mais em discutir se o nome "vadias" é o mais adequado para a situação. Sinceramente? Que se danem se o nome é vadia, puta, filha da puta ou santinha do pau oco. Se nos preocupássemos mais em ouvir o que o movimento tem a dizer do que com o nome ou com as roupas que as manifestantes usam, talvez teríamos mais homens bem educados por pais e mães conscientes. Ah sim, bem educados, com educação e bom senso o suficiente para não dizerem que a roupa, ou a falta dela, das mulheres é a culpa dos abusos sexuais.

 Acabo por fazer o mesmo questionamento que Ellen faz em sua matéria: "Esse é o modo padrão do homem político, sexista-juvenil?" Político ou não, é esse o modo padrão de agir dos homens e, por vezes, das próprias mulheres sexistas? A cada mulher que entrar em uma sala, qualquer sala, com roupas mais curtas que as usadas pelas nossas mães, ouviremos assovios depreciativos e gritos de mascarada condenação? Já fui de condenar o micro bandage dress tão amado das meninas frequentemente chamadas de periguetes. Mas pare para ouvir o que essas meninas tem a dizer. E antes de tacar pedras dizendo que são todas fúteis, lembre que há muita mulher travestida num terninho ou em um jeans larguinho que só pensam no próprio umbigo.
 Só resta agora o meu apelo. Parem de calar a boca das mulheres, das fúteis e das não fúteis. Parem de calar os outros e calem a si mesmos. Talvez calados consigam ouvir um pouco mais, aprender um pouco mais. Vamos lá, Duflot! Ainda há quem queira te ouvir.

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Colheres de açúcar